Arguido no caso da “grávida da Murtosa” nega autoria do crime e classifica relação com a vítima como “pontual”

Na segunda-feira, 20 de maio, arrancou no Tribunal de Aveiro o julgamento de Fernando Valente, acusado do homicídio qualificado de Mónica Silva, conhecida como a “grávida da Murtosa”. Em declarações prestadas durante a primeira sessão, o arguido negou veementemente todos os factos de que é acusado, incluindo o homicídio da vítima.
Questionado sobre o relacionamento que mantinha com Mónica, Valente caracterizou-o como um “relacionamento pontual”, afastando qualquer vínculo continuado ou que justificasse a acusação de premeditação. No que respeita ao filho que a vítima esperava, o arguido declarou perentoriamente: “Não sou o pai”, atribuindo a paternidade a uma relação anterior de Mónica Silva.

O advogado da família da vítima, António Falé de Carvalho, anunciou ter surpresas para as próximas sessões. Falé de Carvalho revelou que irá pedir a leitura integral do primeiro interrogatório de Valente, realizado pela Polícia Judiciária, com o objetivo de “confrontar” as contradições entre essas declarações iniciais e os argumentos hoje apresentados em tribunal.
Fernando Valente enfrenta um jury composto por três juízes e oito jurados, estando acusado de homicídio qualificado, aborto, profanação de cadáver e outros crimes conexos. A investigação recolheu provas de limpezas profundas no local do crime, uso de telemóvel da vítima para simular ameaças e a inexistência de corpo, o que reforça a tese do Ministério Público sobre a premeditação do ato.
O julgamento decorre à porta fechada, decisão polémica que gerou críticas do Sindicato dos Jornalistas, e deverá prolongar-se por várias semanas. Caso seja condenado, Fernando Valente arrisca pena até 25 anos de prisão, pedindo já ao tribunal que respetivos interrogatórios e depoimentos sejam confrontados ao longo do processo.