O sonho que virou tragédia: Marta Brandão perdeu a filha e o genro num triplo homicidio em Lisboa

“Saí de um país violento e pensava estar num tranquilo,” desabafa Marta Brandão. A mãe da vítima recorda o dia em que a filha e o genro foram abatidos a tiro na Penha de França, deixando três crianças órfãs.

Um ano após o triplo homicídio que chocou a Penha de França, em Lisboa, a 2 de outubro de 2024, a dor e a incredulidade persistem. Marta Brandão, imigrante brasileira a viver em Portugal há 22 anos, e mãe de Fernanda Júlia, uma das vítimas, veio a público no programa “Dois às 10” para partilhar o drama de uma família cuja busca por paz terminou em violência brutal.

Marta recordou que a filha tinha apenas 16 anos quando veio para Portugal, motivada pela esperança de uma vida mais segura. O seu desabafo resume a tragédia:

“Saí de um país violento e pensava estar num tranquilo.”

O Homicídio e o Mundo Que Desabou

Fernanda Júlia e o marido, Bruno Neto, foram vítimas colaterais do crime. Eram cerca das 14h00 quando um homem, após balear mortalmente o proprietário de uma barbearia, Carlos Pina, se cruzou com o casal na rua e os abateu a queima-roupa.

O crime, que tirou a vida a três pessoas inocentes, desintegrou a família do casal, que deixou três crianças órfãs: uma menina de seis anos, filha de ambos, e dois filhos de relações anteriores.

Marta Brandão recorda o momento em que a sua realidade ruiu, e revela que foi o neto de 13 anos que lhe deu a noticia por telefone: “Quando cheguei a casa, o meu neto chorava e pedia-me calma. Depois vi na televisão a foto dela e do Bruno…”

A Luta pelo Luto e a Exigência de Justiça

Um ano após o assassinato, Marta confessa que o luto ainda não foi concluído. Vive com a neta de seis anos e carrega o peso da responsabilidade e da saudade. “Perdi a minha filha e o meu genro… Agora tenho de cuidar da minha neta, que ficou sem os pais. Ela diz que estão nas estrelinhas,” partilhou.

O homicida, que fugiu de carro e foi encontrado uma semana depois no Pinhal Novo, encontra-se em prisão preventiva. Com o julgamento marcado para 13 de novembro, Marta Brandão garante que estará presente no tribunal.

O seu objetivo é encontrar a razão para a violência que destruiu a sua família: “Quero ver a reação dele e perceber porquê. Quero saber o motivo de tirar a vida de um casal e destruir uma família. O que eu espero é que se faça justiça.”