Morreu aos 76 anos, João Maria Mendes, no Hospital de Cascais. O anúncio da morte do escritor, jornalista e professor foi feito pela Escola Superior de Teatro e Cinema, onde foi presidente. Também foi jornalista do Público, autor de três romances, numa longa carreira.
Licenciado em Filosofia pela Universidade de Lovaina e doutorado em Ciências da Comunicação pela Universidade Nova de Lisboa, João Maria Mendes foi docente no Departamento de Cinema entre 1987 e 2018, onde lecionou matérias ligadas à narrativa e modelos narrativos, e foi presidente do Conselho Técnico-Científico e responsável científico do Mestrado em Desenvolvimento de Projeto Cinematográfico. Entre 2015 e 2018, assumiu a Presidência da ESTC, período em que reforçou a ligação entre criação artística, pensamento crítico e serviço público.
Professor atento e de enorme cultura, foi coordenador da área de Argumento e acompanhou sucessivas gerações de estudantes, ajudando-as a dar forma às suas histórias e a encontrar, em cada projeto, a ética do olhar e a precisão da palavra. Muitos dos nossos diplomados recordam nele a rara combinação de rigor conceptual e atenção ao trabalho prático da escrita para cinema, servidos por um sentido crítico acutilante e certeiro.
Enquanto investigador integrado e fundador do CIAC, coordenou projetos e publicou livros e artigos de referência nos estudos de cinema e comunicação, entre os quais “Novas & Velhas Tendências no Cinema Português Contemporâneo” (2012) e os volumes “Sentidos Figurados. Cinema. Imagem. Simulacro. Narrativa” (2019). Essa produção, extensa e generosa, espelha a sua curiosidade intelectual e a vontade de ligar a teoria à prática pedagógica.
Antes da vida académica, foi jornalista e romancista, distinguido com o Prémio LER/Círculo de Leitores, traço que permaneceu na sua escrita clara, no gosto pelo ensaio e na atenção às formas expressivas. Entre as áreas de investigação e ensino a que mais se dedicou contam-se a narratividade cinematográfica, a iconologia e a teoria da imagem.
A ESTC lembra hoje o professor, o colega, e o presidente que soube representar a Escola com firmeza e urbanidade. Ficará entre nós a memória do pedagogo que nos ensinou — em aula, em reuniões, nos corredores — que contar bem é também pensar bem.
A Escola Superior de Teatro e Cinema estende um abraço solidário à família, amigos, antigos alunos e colegas de João Maria Mendes. O seu legado permanece vivo nas pessoas que formou, nos livros que publicou e na Escola que ajudou a construir e a pensar”.
